Diferença salarial por gênero em Marília e Bauru é maior que média nacional (Foto: Prefeitura de Manaus/Divulgação)

 

O salário médio recebido por mulheres em Marília (SP) é 12,93% menor do que o pago aos homens e, em Bauru (SP), elas recebem em média 19,60% menos do que eles, situação que expões um quadro de pior desigualdade salarial por gênero nas maiores cidades do centro-oeste paulista do que no Brasil de modo geral.

Os números, levantados pelo portal temmais.com em ocasião do Dia da Mulher, celebrado nesta quarta-feira (8), são da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). Os dados mais recentes disponibilizados por município datam de 2021 e levam em conta trabalhadores celetistas e estatutários.

Segundo o estudo, realizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, em média os brasileiros ganham R$ 3.663,89, enquanto as brasileiras recebem R$ 3.269,09, o equivalente a 10,77% a menos.

Em Marília, os homens recebem em média R$ 3.125,03 e as mulheres, R$ 2.720,75. Já em Bauru em média eles recebem R$ 3.248,62 e elas R$ 2.611,85.

A desigualdade salarial por gênero é debatida há anos no Brasil e no final de fevereiro um grupo de trabalho criado pelo governo Luís Inácio Lula da Silva (PT) encaminhou para a Casa Civil um projeto que proíbe tal prática.

Advogada

Segundo a advogada, empresário e presidente da Comissão da Mulher Advogada, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Marília, Cleomara Cardoso Siqueira, a desigualdade salarial por gênero no Brasil é uma das piores do mundo.

“Ainda há em nosso meio uma discriminação com a figura feminina principalmente pela possibilidade de ela vir a se afastar em decorrência de uma gravidez. Essas mulheres, muitas vezes, acabam se submetendo a baixos salários para que não fique fora do mercado de trabalho”, analisa a advogada.

Para ela, a situação só vai mudar, de fato, quando aumentar a representatividade política das mulheres, “ainda tão pequena”. “Que se crie leis mais rígidas para a garantia da igualdade salarial entre as mulheres”, propõe.

Recursos humanos

A especialista em Recursos Humanos Juliane Lourenço, detalha que a diferença salarial dificilmente é explicitada nos anúncios de vaga de trabalho. “Isso começa a ser descoberto durante a trajetória dentro da organização, quando um profissional já está atuando”.

“Se a pessoa tem qualificação, preparação, competências que aquela vaga exige, ela está apta a participar do processo e depois, passando por essas etapas, fazer parte do time de colaboradores independente do sexo”, analisa Juliane.

Segundo a especialista, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), ainda do ano passado, mostram que a área de Tecnologia é um dos setores da economia com maior desigualdade salarial em prol dos homens.

 “A gente percebe que essa discrepância acontece em vários itens hierárquicos e há maior discrepância em cargos de liderança”, conta. De acordo com ela, muitas vezes a mulher “é vista como uma profissional aquém, abaixo da capacidade dos homens”.

Juliane entende que já houve avanços nos últimos anos, mas ainda há um longo caminho até o fim do quadro atual. “Essa mudança depende de políticas públicas, mas as empresas também podem tomar a iniciativa e criar planos de carreira que se preocupem com isso. O primeiro passo é alinhar discurso e prática”, afirma.

 

Fonte:  temmais.com

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