Imagem de câmera de
segurança mostra o momento em que homem atira contra policiais militares em
Iepê (SP) — Foto: Câmera de segurança
O mecânico Fernando
Paiano Gerônimo, de 37 anos, morreu na madrugada desta segunda-feira (8), após
trocar tiros com policiais militares, em Iepê (SP). Segundo a Polícia Civil, a
vítima teve o carro apreendido por falta de licenciamento, durante uma blitz de
trânsito, e atirou contra os agentes, que revidaram. A câmera de segurança de
um estabelecimento comercial flagrou o momento em que o homem aproxima-se a pé
e atira contra os militares. O dono do veículo possuía registro legal da arma
de fogo junto ao Exército como Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador
(CAC).
Um soldado da
Polícia Militar, de 35 anos, foi atingido na cabeça e na mão pelo motorista.
Conforme o Boletim
de Ocorrência, dois policiais abordaram um carro durante um bloqueio de
trânsito na Rua São Paulo, na área urbana.
Ao consultar no
sistema, os agentes constataram que o licenciamento do veículo estava vencido
desde o ano de 2019 e, portanto, apreenderam o carro.
Enquanto aguardavam
a chegada de um guincho para recolher o automóvel, aproximadamente 1h30 depois
da abordagem inicial, o motorista aproximou-se a pé do local da blitz e efetuou
um disparo de arma de fogo contra um dos policiais, que abordava uma
motocicleta no momento.
O outro agente, que
estava dentro da viatura preenchendo um relatório no momento, disse não ter
visto quando o homem aproximou-se do local, porém, ouviu o “estampido”.
Em seguida, o
policial atingido disse algo para o cabo, de 45 anos, que avistou o parceiro
ferido por um tiro.
O condutor do carro
apreendido começou a disparar contra o funcionário público sem ferimentos, que
revidou os disparos.
Ainda conforme o
boletim, em determinado momento, o homem parou de atirar. Ao se aproximar, o
policial avistou que o motorista havia sido atingido e “neutralizado”.
Pouco tempo depois,
a esposa do homem baleado chegou ao local e avistou a cena.
De acordo com o
delegado responsável pelas investigações sobre o caso, Carlos Henrique
Fernandes Gasques, a vítima chegou a ser socorrida e levada ao Hospital
Municipal de Iepê, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
O policial atingido
pelo motorista foi encaminhado para a Santa Casa de Rancharia (SP) com
ferimentos na cabeça e no dedo. A unidade de saúde informou que o paciente está
internado, passa bem e espera o resultado de uma tomografia.
A arma utilizada
pelo motorista, uma pistola de calibre 9mm, foi apreendida.
Assim como também
foram apreendidas as duas pistolas de calibre .40 que eram utilizadas pelos
policiais militares.
Arma com registro
De acordo com o
registro policial, a vítima portava dentro da carteira um certificado de
registro de arma de fogo expedido pelo Exército Brasileiro, que engloba
atividade de caça, coleção e tiro desportivo, também conhecida pela sigla CAC.
Familiares do homem
apresentaram documentos e uma nota fiscal da pistola, de calibre 9 milímetros,
utilizada na troca de tiros com os policiais militares que trabalhavam em uma
fiscalização de trânsito.
Na residência da
vítima, a corporação também teve acesso a declarações técnicas de aptidão do
porte de arma de fogo, bem como nota fiscal da munição e autorização para
tráfego de produtos controlados.
A perícia foi
acionada até o local dos disparos e um inquérito policial foi instaurado para
esclarecer o caso.
A câmera de
segurança de um estabelecimento comercial flagrou o momento do crime. As
imagens mostram o homem se aproximando a pé da viatura, às 23h01, e, em
seguida, sacando uma arma de fogo e atirando contra um policial. Naquele
momento, outro militar, que estava sentado no banco do passageiro, com a porta
aberta, conseguiu escapar.
Segundo o delegado
responsável pelo caso, Carlos Henrique Fernandes Gasques, a Polícia Militar
fazia uma fiscalização de trânsito, por volta das 22h30, quando o homem foi
abordado e os policiais constataram que o veículo dele estava com o
licenciamento vencido desde o ano de 2019.
“Foi feita a
apreensão administrativa e comunicado o condutor que este veículo seria
recolhido. Ele questionou a decisão do policial militar, dizendo que 'deveria
procurar outras atividades' e que o documento vencido não era uma 'causa
suficiente', mas o policial explicou para ele que não tinha o que fazer, ele
foi embora a pé e o policial acionou o guincho e ficou aguardando o retorno do
guincho.
O delegado ainda
disse que, após cerca de uma hora e meia, quando a equipe da polícia ainda
estava aguardando o guincho, o homem retornou até o local a pé.
“Segundo informações
preliminares que a Polícia Civil coletou, familiares e amigos tentaram impedir
que ele realizasse esta ação, mas não conseguiram, e ele veio por trás da
equipe policial e deu um disparo, à queima-roupa, contra um dos policiais
militares, atingindo a sua cabeça, 'de raspão', e um outro disparo que atingiu
o seu braço e a sua mão. Este policial caiu ao solo”, detalhou o delegado.
Gasques ainda disse
que, no momento dos disparos, outro policial “percebeu a ação e o barulho de
estampido, se abrigou em um dos muros, ali próximo, e verbalizou para que este
atirador entregasse a sua arma e colocasse as mãos no chão”.
“A verbalização não
foi atendida e ele começou a efetuar disparos contra o outro PM. O outro
policial revidou e um dos disparos atingiu a região da cabeça.
O registro de CAC
foi localizado na carteira do homem e, ainda conforme o delegado, a arma, que
se tratava de uma pistola, estava “regularizada”.
“Fomos até a casa
dele e encontramos a nota fiscal desta arma de fogo, então, assim,
juridicamente, ele poderia ter esta arma em sua casa, mas não portar consigo,
como ele fez no caso”, acrescentou.
Conforme Gasques, o
homem não tinha “histórico de envolvimento em ocorrências policiais ou algo do
tipo”.
"Nos
depoimentos dos policiais militares, quando questionado se ele havia ingerido
bebida alcoólica, o condutor do veículo falou que consumiu 'um pouco de bebida
alcoólica no domingo, à tarde', mas, segundo o PM, ele não apresentava sinais
característicos de embriaguez. Não era um condutor que dava sinais claros de
que estaria embriagado. A conduta dele, retornando após uma hora e trinta
minutos, denota que ele planejou este retorno e foi consciente".
Próximos passos
Sobre o prosseguimento
das investigações, Gasques disse que a Polícia Civil “deve oficiar o Exército,
para colher maiores informações a respeito deste CAC". "Vamos ouvir
testemunhas, porque tinha gente pelo local, ouvir os familiares, que tentaram
impedi-lo de ir até o local, e ouvir os policiais militares”, salientou.
“Está tudo no
estágio inicial ainda. Em sede policial, foi deliberado pela legítima defesa do
policial militar, porque as imagens de câmeras que estavam no local
demonstraram cabalmente que ele agiu amparado em uma causa legal, de legítima
defesa", argumentou.
Sem risco de morte
O delegado citou,
ainda, que, “segundo informações coletadas, o policial não corre risco de vida,
porque o tiro que pegou em sua cabeça foi de raspão e o que tem mais
complicações é o tiro que ele levou em uma das mãos, que talvez necessite de
cirurgia".
Posicionamento
oficial da Polícia Militar
Em nota oficial, a
Polícia Militar do Estado de São Paulo esclareceu que, por volta de 0h10,
policiais militares realizavam um bloqueio de trânsito, quando abordaram um
veículo e, durante a fiscalização, "foi constatado que o licenciamento
estava vencido, sendo informado ao condutor que o veículo seria removido ao
pátio".
"Os policiais
aguardavam a chegada do guincho, quando o indivíduo, após deixar o local a pé,
retornou e efetuou disparos de arma de fogo contra os policiais, atingindo
superficialmente um dos militares na cabeça. O outro policial efetuou disparos
que atingiram o infrator, que cessou imediatamente a agressão", complementou
a corporação.
"O policial
militar ferido foi socorrido à Santa Casa, onde permanece em atendimento
médico, com o quadro de saúde estável. O infrator foi socorrido ao Hospital
Municipal de Iepê, onde entrou em óbito. Com ele, que era CAC, foi apreendida
uma pistola de calibre .40. Foi aberto um Inquérito Policial Militar para
apurar as circunstâncias dos fatos", concluiu a PM.
Fonte: G1