Aguapés dominaram
paisagem do rio Tietê em Barra Bonita (SP) (Foto: ONG Mãe Natureza/Divulgação)
Os aguapés tomaram
conta do Tietê, em Barra Bonita (SP), e transformaram a paisagem do rio em um
‘tapete verde’.
Eles são vegetais
aquáticos que se reproduzem de forma muita rápida, principalmente no verão, e
são conhecidos como uma planta invasora e que precisa ser controlada.
Um aguapé sozinho
não representa muito perigo, mas, como a planta flutua, é levada pela correnteza
e, quando vários aguapés se encontram, formam ilhas, como ano meio do rio na
altura da usina hidrelétrica de Barra Bonita.
Eles prestam um
importante serviço ambiental de filtragem da água, mas, quando em excesso,
podem causar problemas, como explica Jozrael Rezende, professor de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos.
“Eles ocupam um
espaço impedindo, inclusive, a fotossíntese no meio aquático. Com a presença,
evapora-se muito mais água num reservatório infestado, cerca de cinco vezes
mais”, revela.
Em alguns casos, as
raízes das plantas podem ter mais de um metro de comprimento. Então, embaixo da
água, elas se entrelaçam, formando uma espécie de parede, que dificulta
bastante a navegação.
São vários os
motivos que explicam a quantidade anormal de aguapés: um deles é que, no
período de chuvas, a enxurrada arrasta para dentro da água parte dos
fertilizantes jogados no solo. Isso deixa o Tietê com excesso de nutrientes. E,
como o aguapé é uma planta e gosta de adubo, a espécie cresce de maneira desenfreada.
“Isso está
relacionado à poluição, isso está relacionado aos fertilizantes químicos
utilizados na agricultura, que servem de alimentos para esses vegetais e os
ajudam a crescer”, conta o professor.
Em Barra Bonita,
comportas da usina hidrelétrica serão abertas nesta quarta-feira (15) à vazão
máxima para que as plantas desçam rio abaixo. No entanto, a ação é tida como
uma solução paliativa, segundo especialistas.
“A solução
definitiva seria tratar todos os esgotos de todas as cidades da bacia hidrográfica.
A solução paliativa é a remoção”, diz José Galizia Tundisi, especialista em
recursos hídricos.
Em nota, a Cetesb
(Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) informou que possui uma rede de
monitoramento de qualidade das águas dos principais rios e reservatórios do
estado, com amostragens trimestrais de parâmetros físicos, químicos e
biológicos.
Segundo a companhia,
no reservatório de Barra Bonita, formado basicamente pela confluência dos rios
Tietê e Piracicaba, que atravessam as duas maiores regiões metropolitanas do
estado, houve melhora na qualidade da água nos últimos anos.
Ainda no comunicado,
a companhia informou que o nível de tratamento atual não remove nutrientes como
fósforo total e nitrogênio amoniacal, havendo ainda outras contribuições
decorrentes de atividades agrícolas, como o uso de fertilizantes, sendo que o
represamento dessas águas no reservatório de Barra Bonita cria um ambiente de
águas calmas, propício ao crescimento das plantas aquáticas.
Fonte: temmais.com