Professora Eliana Pereira Neves, de 52 anos, foi encontrada carbonizada na zona rural de Regente Feijó (SP) — Foto: Redes sociais
A Polícia Civil
confirmou que o corpo encontrado carbonizado no porta-malas de um carro, nesta
terça-feira (28), no bairro São Sebastião, conhecido popularmente como “Pito
Aceso”, na zona rural de Regente Feijó (SP), é da professora Eliana Pereira
Neves, de 52 anos. O principal suspeito de ter matado ela é um idoso, de 62
anos, que, segundo os policiais “estava conhecendo” a vítima.
Ela trabalhou por 31
anos na rede de ensino municipal de Regente Feijó e estava a 21 anos lecionando
na Escola Municipal de Ensino Infantil (EMEI) Augusto César Pires. A
instituição, inclusive, não teve aulas nesta quarta-feira (29) e emitiu um
comunicado informando que “devido ao desaparecimento” de Eliana, as aulas
estariam suspensas.
Ela deixa duas
filhas.
De acordo com as
informações da dirigente da Divisão Municipal de Educação (DMEC), Telma Regina
dos Santos Silveira, a previsão é de que as aulas retornem normalmente nesta
quinta-feira (30) e também já foi disponibilizado apoio psicológico aos
funcionários da unidade.
O corpo da vítima
foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) e passará por exame de DNA
para confirmar a identidade da mulher.
O idoso foi preso
por homicídio triplamente qualificado com o uso de fogo, impossibilidade de
resistência da vítima e feminicídio, além de ocultação de cadáver. Ele passou
por audiência de custódia na manhã desta quinta-feira, onde permaneceu preso, e
será encaminhado para o Centro de Detenção Provisório (CDP) de Caiuá (SP).
Passou por audiência
de custódia agora e foi autuado em flagrante delito por homicídio triplamente
qualificado com o uso de fogo, com impossibilidade de resistência da vítima,
feminicídio e ocultação de cadáver.
O caso
Conforme o delegado
responsável pelo caso, Airton Roberto Guelfi, a Polícia Militar recebeu um
chamado de um produtor rural, no início da noite, alegando que um veículo
estava pegando fogo em meio à uma plantação de soja.
Os policiais foram
até o local e pela placa do veículo conseguiram identificar que o proprietário
era morador de Regente Feijó. A Polícia Civil foi acionada e, enquanto se
deslocavam, a PM já havia feito contato com os familiares.
No local, os agentes
encontraram alguns familiares e iniciaram uma conversa para tentar entender o
que poderia ter acontecido.
“Durante a
entrevista, o que chamou a atenção foi um possível envolvimento da proprietária
do veículo com um homem de Regente Feijó. Nós identificamos, com os familiares,
a residência desse cidadão e, imediatamente, a gente se deslocou até essa
residência”, relatou Guelfi.
Na casa do suspeito,
ele foi questionado sobre esse relacionamento com a vítima e permitiu a entrada
dos policiais.
“No interior da
casa, onde havia um pouco mais de luz, identificamos no braço dele algumas
queimaduras que já remetiam a ideia, justamente, do incêndio do veículo, o que
chamou atenção”, enfatizou o delegado.
Além disso, os
policiais verificaram outras inconsistências em relação a versão dada pelo
homem, como por exemplo, ele afirmou que ficou das 9h às 15h andando de
bicicleta, porém, a Polícia Civil verificou que o objeto continha teias de
aranha que davam indícios que não saía do lugar há um tempo.
O suspeito foi
conduzido para a Delegacia e, durante o interrogatório, o delegado apresentou
todas as informações coletadas com testemunhas e perícias e o questionou sobre
os fatos.
“Ele acabou
confessando indiretamente que estava com ela no local. A única coisa que ele
alega é que ela mesmo que buscou a morte. Ele alega que ela se matou através do
fogo. A versão é basicamente essa, que ele estava no local e viu o carro
pegando fogo e que, diante do pedido da vítima que queria se matar, ele se
virou e foi embora”, afirmou Guelfi.
Na residência, a
Polícia Civil também localizou uma medida protetiva expedida por um juiz de São
Paulo (SP), que proíbe ele de manter contato com a ex-esposa.
Não há evidências de
que ele tenha recebido ajuda para cometer o crime.
Testemunhas
Segundo o delegado,
a colaboração da família e de testemunhas foi de fundamental importância para a
investigação do caso, inclusive, apresentando contradições na versão inicial do
envolvido.
“Essas testemunhas
disseram que no dia do crime, durante a tarde, haviam avistado os dois no
interior do veículo. Então, isso foi fundamental para que a gente pudesse
entender e, consequentemente, concluir que a versão dele não era a verdadeira”,
analisou Guelfi.
Os vizinhos do homem
confirmaram para a Polícia Civil que ele se mudou para a cidade há cerca de 20
dias e, conforme testemunhas, não há informação de nenhum tipo de agressão
anterior entre eles.
“A informação que
temos é que ele é natural de Regente, mudou-se para São Paulo e retornou agora.
Segundo testemunhas e ele, os dois se conheceram na infância e agora, quando
acabou retornando nos últimos 20 dias, eles se aproximaram e começaram a
conversar. Eles trocavam mensagens via telefone celular”, reforçou o delegado.
Já sobre a morte da
professora ser causada pelo fogo, Guelfi afirmou que essas informações dependem
do laudo necroscópico. E ela ter sido vítima de violência sexual não é uma
hipótese descartada, porém, “não há elementos materiais para afirmar”.
“Os indícios indicam
que, a questão da perícia ter encontrado junto ao corpo um cabo metálico
utilizado para amarrar as mãos, indica que eventualmente ela pode ter morrido
em decorrência do fogo. Mas isso vai depender do laudo necroscópico que ainda
não foi emitido”, finalizou o delegado.
Fonte: G1