O compartilhamento
da vivência ou experiência de uma pessoa através da publicação de fotos em
aplicativos de redes sociais é algo comum nos últimos anos, assim como os
comentários a respeito da publicação. O que nos espanta é que alguns deles são
muito agressivos.
Divergência de
opiniões ou discussão sobre questões polêmicas sempre esteve presente na
história da humanidade. A diferença está na maneira como são expressados os
pontos de vista, de preferência de uma maneira que não agrida o outro. Nas
redes sociais, o que se observa é que muitas pessoas tendem a se sentir mais
confortáveis em manifestar seu ponto de vista, uma vez que, teoricamente, estão
protegidas por uma tela de computador.
Esta falsa sensação
de impunidade, permite que muitos internautas, sem conhecer a história de vida
do outro ou até mesmo pela dificuldade em lidar com as próprias emoções, se
sintam à vontade para adotar condutas agressivas como discriminar, xingar ou
ameaçar numa clara demonstração da incapacidade de se colocar no lugar do outro
e compreender o que este outro irá sentir ao ler tal comentário. Estou falando
de empatia.
A empatia é uma das
habilidades mais importantes, se não a número um, dos relacionamentos
interpessoais. Todos nós gostamos dela. Tanto que, numa tentativa de convencer
o outro de algo, usamos a frase “se coloque no meu lugar!”. Quem nunca?
Contudo, na prática
nem sempre é tão simples e, às vezes, até se torna um desafio quando temos que
fazer isto com o outro, ou seja, compreender o modo de funcionamento interno
deste outro numa determinada situação. E mais: sem julga-lo!
No dia a dia
presenciamos tantas situações marcadas pelo individualismo, pelo preconceito,
pela violência nas ruas, nas escolas e tantos outros ambientes, que ser
intolerante parece que se tornou um hábito para muitas pessoas. Se prestarmos
atenção a nossa volta, não é difícil percebermos isto.
E, ao avaliar uma
pessoa a partir de uma única perspectiva, no caso a do avaliador, estas pessoas
não medem as consequências que o seu julgamento, em sua maioria precipitado,
pode causar no sentimento do outro. Sem dúvida que afeta a saúde mental, tanto
que há na mídia inúmeros relatos de pessoas que deixam as redes sociais devido
ao assédio moral.
O que poucas pessoas
é que ser empático não significa sempre ter que concordar com a forma de pensar
do outro. Ter opiniões diferentes sobre uma mesma situação é natural. Até aí,
tudo bem. O que chama a atenção é que algumas pessoas tem a necessidade de
impor a própria forma de pensar através de um comportamento egoísta, revelando
a intencionalidade de agredir o outro por, simplesmente, ter ideias diferentes
das suas. E, como dito no início, a sensação, mesmo que ilusória, de impunidade
acaba por incentivar os comportamentos agressivos nas redes sociais.
Além disso, alguém
que interage, seja através do anonimato ou não, para expor suas ideias,
independente dos danos que poderá causar, evidencia que a ideia de percepção
social, de respeito ao outro, foi anulada. O assunto é extenso, mas é
importante refletirmos como nos relacionamos com o outro e assumirmos
responsabilidades quanto a isso.
Se clamamos por uma
sociedade mais justa, mais humanizada, a empatia é o ponto de partida. Sem
dúvida, é uma habilidade importante para lidar com conflitos de forma mais
efetiva e construir relacionamentos saudáveis. Ser empático é praticar a
escuta, é exercitar a tolerância, é respeitar as diferenças na busca de uma
conduta ética e humana. Sem a empatia nos privamos do grande sentido da vida: a
relação com o outro. Créditos: Joselene L. Alvim- psicóloga.
Fonte: G1