
Caminhoneiros eram
mantidos em cárcere privado no distrito de Coronel Goulart, em Álvares Machado
(SP) — Foto: Reprodução
A juíza da 2ª Vara
Criminal da Comarca de Presidente Prudente (SP), Cibele Carrasco Rainho Novo,
condenou seis pessoas denunciadas pelo Ministério Público do Estado de São
Paulo (MPE-SP) a penas que somaram, no total, mais de 122 anos de prisão por
crimes como roubo, sequestro e organização criminosa.
Segundo a denúncia
formulada pelo MPE-SP, os criminosos, todos moradores da Baixada Santista,
empregaram violência e grave ameaça contra as vítimas para roubar veículos,
celulares e joias, entre outros objetos, em Presidente Prudente. Ainda de
acordo com as investigações, as vítimas haviam sido contratadas por meio de um
aplicativo para prestar serviços de transporte de cargas em caminhões. No
entanto, quando chegavam ao local combinado, eram surpreendidas por pessoas que
usavam coletes e sinais luminosos, como se fossem de uma empresa, e mantidas em
cárcere privado, enquanto seus caminhões e outros pertences eram roubados.
No ano de 2021,
quatro caminhoneiros foram vítimas da organização criminosa em Presidente
Prudente.
Os bandidos
mantinham as vítimas em cativeiro em uma chácara, no distrito de Coronel
Goulart, na zona rural de Álvares Machado (SP).
Além das penas de
prisão, a juíza Cibele Carrasco Rainho Novo impôs aos réus multas de R$
531.123,00, no total, para reparação dos danos materiais e de R$ 10 mil a cada
uma das vítimas a título de danos morais, atendendo a pedido da Promotoria de
Justiça.
As penas restritivas
de liberdade foram estabelecidas da seguinte forma para os seis réus:
um homem, de 34
anos, pegou 24 anos, nove meses e 12 dias de reclusão em regime inicial
fechado;
um homem, de 24
anos, recebeu 21 anos, três meses e 22 dias de reclusão em regime inicial
fechado;
uma mulher, de 24
anos, foi sentenciada a cumprir 21 anos, três meses e seis dias de reclusão em
regime inicial fechado;
um homem, de 47
anos, levou 18 anos, três meses e seis dias de reclusão em regime inicial
fechado;
um homem, de 33
anos, terá de suportar 18 anos, três meses e seis dias de reclusão em regime
inicial fechado; e
um homem, de 26
anos, arcará com 18 anos, três meses e seis dias de reclusão em regime inicial
fechado.
Os cinco homens já
se encontram presos em unidades penitenciárias, enquanto a mulher obteve o
direito à custódia domiciliar.
Cativeiro
Quando descobriram a
chácara onde era mantido o cativeiro das vítimas, os policiais cercaram o local
e ouviram gritos de socorro.
Os policiais
invadiram o cativeiro e encontraram as quatro vítimas, que tremiam, choravam e
estavam muito emocionadas.
No canto de um
quarto, havia potes plásticos improvisados, com todas as necessidades
fisiológicas líquidas, com um cheiro terrível, além de comida arremessada no
chão.
Também havia gradil
nos quartos e fechamento de porta pela área externa (não interna), de modo que
não teriam capacidade de arrombamento.
Separadamente, as
vítimas contaram histórias semelhantes, no sentido de que haviam sido
contratadas para o transporte de cargas via aplicativo e, ao chegarem ao local,
pessoas com coletes e sinais luminosos, como se fossem de uma empresa, as
rendiam e levavam para cárcere privado, naquelas condições, sob ameaça e
violência, desaparecendo com os caminhões.
Fonte: G1